sábado, 27 de julho de 2013

‘A Madrinha Embriagada’ tem elenco e produção de ‘primeiro mundo’

Ator fala da irreverência da adaptação de espetáculo, com estreia marcada para o dia 17 de agosto no Teatro do Sesi-SP

Dulce Moraes e Talita Camargo, Agência Indusnet Fiesp

Enfileirado entre aproximadamente 20 atores que integram o elenco de “A Madrinha Embriagada”, o ator Saulo Vasconcelos veste uma camiseta preta básica. O figurino é bem diferente das óperas que interpretou – “Madame Butterfly”, “Fígaro” e “O Barbeiro de Sevilha”, entre outras. Apesar do jeito despojado, Vasconcelos mantém-se atento às instruções da coreógrafa. Um intervalo para respirar, uma rápida sessão de alongamento e o ator prossegue com os ensaios: cantar, interpretar, dançar. Sem perder o entusiasmo e a disciplina.

Vasconcelos: experiência em musicais e disciplina para a estreia em agosto. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp


Bem humorado, o protagonista de “O Fantasma da Ópera” elogia o trabalho do diretor Miguel Falabella, autor da adaptação brasileira de “The Drowsy Chaperone” que estreia no dia 17 de agosto no Teatro do Sesi-SP – espetáculo que tem realização do próprio Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Ele fez um trabalho incrível de transformar aqueles personagens tipicamente americanos em tipicamente brasileiros”, afirma Vasconcelos em entrevista. Na montagem, o ator interpreta o produtor de cinema Iglesias, contracenando com a atriz Kiara Sasso, que faz a corista Eva – em homenagem a Eva Todor. 

Leia a seguir trechos da entrevista de Saulo Vasconcelos:

Diferencial

 “O que diferencia essa de qualquer outra produção que já fiz é essa criatividade, esse estilo cooperativo e colaborativo que existe entre nós atores e o diretor.” 

 Sobre os personagens

 “A adaptação é muito criativa e feita para nós, atores, para nossos portes físicos. Por exemplo, o meu personagem é completamente diferente do que era inicialmente. Nas produções americanas ele é era um cara já de idade de 50 a 60 anos e, aqui, cresceu muito. O Miguel [Falabella] teve a ideia de modificá-lo um pouco, assim como fez com os outros. O próprio texto que foi adaptado à nossa cultura e ao nosso entendimento.”

Sobre ‘abrasileirar’ o musical 

 “Eu não acho que é preciso ser nacionalista, de ter que ser ‘brasileiro’, apesar de ser muito importante a proposta do Sesi-SP. O importante é ter qualidade. E quando é de qualidade, isso independe. Um Picasso não deixa de ser bom porque é espanhol. A ópera italiana não deixa de ser boa porque é italiana – e ela é vista no mundo inteiro. A própria novela brasileira já é traduzida para vários países.” 

 A irreverência do diretor 

 “O Miguel [Falabella], que é o diretor e também o adaptador dessa peça, fez um trabalho incrível de transformar aqueles personagens tipicamente americanos em tipicamente brasileiros. Alguns gangsters viraram padeiros portugueses baianos. Dá muito certo e aproxima o público do espetáculo e dos personagens. Achei incrível esse trabalho de adaptação que aproximou o espetáculo para nossa realidade, para nossa cultura e para a nossa plateia.” 

 Rotina dos ensaios

 “A rotina é praticamente a de todos os musicais. A gente passa pelos ensaios de música nas primeiras semanas, pelos ensaios de coreografias, e, depois de algumas cenas, vemos a parte de interpretação, bem como qual voz o personagem tem que ter e para onde se move. E a marcação, mesmo, para onde vai e onde vai ter luz, etc e tal.” 

 Trabalhar com elenco jovem 

 “Não tem jovem nada (risos), só tem ‘macaco velho’ aqui. Só tem ‘cobra velha’. Imagina! O mais novo aqui já fez três ou quatro musicais que é o Elton (Towersey), que inclusive fez o meu filho em ‘Noviça Rebelde’. Ele está agora com 18 anos, e, na época, tinha 15. O clima nos ensaios é sempre descontraído, é muito gostoso. Às vezes rola um estresse, pois é muita ‘macacada’ junta.” 

 Duração da temporada 

 “As temporadas que eu faço sempre duram no mínimo um ano. E acho que esse espetáculo do Sesi-SP tem condição de durar um ano ou mais até. Ingresso gratuito, o teatro é pequeno, um espetáculo delicioso, uma baita produção. Às vezes tudo é gratuito, mas a produção é modesta. Aí, as pessoas não se interessam muito. E tem um elenco e uma produção de primeiro mundo. Enfim, um ano eu acho até que vai ser pouco.”


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Saulo Vasconcelos - Programa Especial 6 Anos - Cultura Urbana - JustTV - 22/07/13

No segundo programa especial de aniversário de 6 anos, Vitor Cardoso entrevista separadamente Saulo Vasconcelos que canta New York New York e Kiara Sasso que interpreta a canção de Cabaret: Maybe This Time. 




Programa exibido dia 22/07/13 Cultura Urbana, toda segunda-feira, às 20h30, AO VIVO, na JustTV. http://www.justtv.com.br


domingo, 21 de julho de 2013

Em ritmo ‘puxado’, elenco de ‘A Madrinha Embriagada’ ensaia para estreia no Teatro do Sesi-SP

Espetáculo, uma realização do Sesi-SP e da Fiesp, estreia para o público no dia 17 de agosto, em São Paulo 

Dulce Moraes, Juan Saavedra e Talita Camargo, Agência Indusnet Fiesp 

Atores durante ensaio do musical: hora de 
afinar todos os detalhes da produção. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

O ritmo é intenso em um estúdio no bairro paulistano da Vila Madalena, onde acontecem, de terça a sábado, de 9h às 18h, os ensaios de “A madrinha embriagada”. É lá que o elenco passa e repassa o texto, treina a coreografia, faz aulas específicas de canto e dança. Tudo sob os olhares atentos de Miguel Fallabella, diretor do espetáculo, que tem estreia para o público marcada para o dia 17 de agosto, no Teatro do Sesi-SP, na Avenida Paulista – uma realização do Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Essa é uma produção muito grandiosa em todos os sentidos e de muita responsabilidade”, comenta a atriz Stella Miranda, que encarna a “madrinha embriagada” na versão da comédia musical “The Drowsy Chaperone”, adaptada por Miguel Falabella. 


“É nesse período em que você realmente mergulha no espetáculo, na produção, no todo”, diz ela. “É o período em que o diretor cria o espetáculo e, você, o personagem”, emenda Stella, a Carmen Miranda de “South American Way” . De volta aos anos 20 “The Drowsy Chaperone” traz um aficionado dos musicais ouvindo um sucesso homônimo dos anos 20. De repente, cantores saem do vinil e começam a viver como naquela época. A trama, na adaptação, acontece na São Paulo daquele tempo. O espetáculo, que terá 325 sessões em onze meses com ingressos gratuitos, integra o projeto educacional do Sesi-SP em teatro musical, iniciativa que inclui formação de atores e oficinas de vivência para alunos do Sesi-SP e para o público em geral. Ivan Parente, que vive o personagem “o homem da poltrona”, diz que a equipe está em “ritmo enlouquecido”. “É bem puxado, tem muita coreografia, tem muito texto e o Miguel [Falabella] está com a gente quase todos os dias”, conta o ator que já participou de musicais como “Godspell”, “Pinóquio” e “O Mágico de Oz”. 

Saulo Vasconcelos, um dos mais conhecidos artistas de musicais no Brasil, cuja trajetória inclui atuações em “A Bela e a Fera”, “O Fantasma da Ópera”, “A Noviça Rebelde” e “Mamma Mia!”, explica que a rotina não difere muito da de outros trabalhos do gênero. “A gente passa pelos ensaios de música nas primeiras semanas, pelos de coreografias”, diz. “Depois de algumas cenas vemos a interpretação, qual voz o personagem tem que ter e para onde se move, para onde vai e onde vai ter luz.” 

Kiara Sasso (ao fundo) e Sara Sarres (à direita): rotina
de muito esforço. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Echarpe e frio na barriga 

Kiara Sasso (ao fundo) e Sara Sarres (à direita): rotina de muito esforço. Diante da sequência dos ensaios, Kiara Sasso, atriz que brilhou na montagem brasileira de “Mamma mia!”, na pele da protagonista Donna Sheridan, entre vários outros musicais, dá a receita para preservar a voz. “Eu evito ar condicionado e beber gelado. Além disso, sempre uso echarpe”. 

Mesmo tendo participado de mais de 15 espetáculos, a protagonista do musical “Evita” em 2011, Paula Capovilla, não esconde que ainda sente frio na barriga nessas ocasiões. “A gente fica no meio do ensaio pensando: ‘Ai, meu Deus, será que vai dar certo?’”, admite. “Sabemos que depois de muitos ensaios vai dar sim, pois o processo é esse mesmo”. 

Sara Sarres, atriz e cantora que tem no currículo a atuação em montagens de “Cats”, “Les Misérables” e “O Fantasma da Ópera”, revela que os ensaios serão mais intensos nas duas semanas que antecederem a estreia. “Quando formos para o teatro, fica ainda mais puxado, com uma rotina de doze horas diárias de ensaios técnicos (com figurinos, cenário, iluminação etc.), sem folga”, diz. “É uma rotina de muito esforço”. Reconhecido por atuações em “Os Produtores” e “Hairspray”, além de novelas como “Aquele Beijo” (TV Globo), Frederico Reuter admite a ansiedade. “É claro que tem a expectativa, mas sem pânico e nervosismo porque já passamos por isso várias vezes”, conta. “É muito bom ver o espetáculo tomando forma”, conclui. 


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Projeto do Sesi quer formar atores para musicais no Brasil

Depois de dois anos atuando em teatro musical na Cidade do México, em espetáculos derivados da Broadway e do West End londrino, como "O Fantasma da Ópera" e "Les Misérables", Saulo Vasconcelos chegou a São Paulo em 2001 e encontrou "uma terra de ninguém".

Entrava para fazer os primeiros testes de elenco, as primeiras audições, e "não havia concorrência". Eram poucos os atores com formação musical, então.

Naqueles primeiros passos da retomada do gênero em São Paulo e no Rio, nem o público sabia como agir --desacostumado, por exemplo, a aplaudir os quadros musicais separadamente. "A gente puxava as palmas da coxia", conta Vasconcelos, rindo.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Os atores Kiara Sasso (à esq.) e Saulo Vasconcelos durante ensaio do musical 'A Madrinha Embriagada'
Os atores Kiara Sasso (à esq.) e Saulo Vasconcelos durante ensaio do musical 'A Madrinha Embriagada'

"Hoje a concorrência é maior, e o público, mais experiente." Mas ele vê necessidade de mais formação e é um dos coordenadores de um programa paralelo à produção de "A Madrinha Embriagada", no Sesi: a partir de agosto, oficinas de "vivência" de teatro musical; a partir de março do ano que vem, um curso de três anos.

O projeto foi levado ao Sesi pela produtora Atelier de Cultura, a mesma do espetáculo. Além de Vasconcelos, estão envolvidos nisso os atores Cleto Baccic, que dirige a produtora, Sara Sarres e Vivian Albuquerque, entre outros profissionais do gênero musical.

O grupo visitou quatro escolas tradicionais nos EUA, inclusive a Tisch, de Nova York, e duas no Reino Unido. "E ouvimos 50 personalidades dos musicais no Brasil, para levantar as necessidades do mercado."

A primeira turma deve ter 90 alunos, selecionados em audições. De início, os estudos se restringirão a atores, mas Vasconcelos admite também a possibilidade de formar compositores "mais para a frente", uma das necessidades levantadas.

Não é a primeira iniciativa de formação em musicais, em São Paulo. Dez anos atrás, depois dos primeiros espetáculos de maior repercussão no gênero, surgiram dois cursos, um da Casa de Artes OperÁria, na Mooca, zona leste, e outro na escola Wolf Maya, no shopping Frei Caneca. (NS)

Musical com direção de Miguel Falabella marca entrada do Sesi nesse gênero teatral

Durante o ensaio de terça-feira (2) de "A Madrinha Embriagada", em São Paulo, o tradutor e diretor Miguel Falabella primeiro mudou o nome da personagem de Saulo Vasconcelos, de Feldzieg para Iglesias. Foi para homenagear Luiz Iglesias, produtor e depois marido da célebre atriz Eva Todor, 93 --que estreou no palco em 1934, como bailarina de uma revista musical de Iglesias, "Quanto Vale uma Mulher".

Mais alguns minutos e, ao passar uma cena, o diretor decidiu mudar também o nome da personagem de Kiara Sasso, de Kitty para Eva.

Vasconcelos e Sasso, dois dos principais atores-cantores a surgirem da explosão do musical na última década no Brasil, interpretam um produtor e uma corista neste espetáculo que celebra os musicais de um século atrás.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Ensaio do musical 'A Madrinha Embriagada', que tem 25 atores no elenco e estreia prevista para agosto
Ensaio do musical 'A Madrinha Embriagada', que tem 25 atores
 no elenco e estreia prevista para agosto

Mas era originalmente uma celebração dos musicais da própria Broadway, quando o espetáculo "The Drowsy Chaperone" estreou em Nova York, em 2006, e conquistou cinco prêmios Tony.

Falabella não gostou e, na adaptação, mudou tudo, a começar do título. De "a letárgica dama de companhia", na tradução literal, trocou para "a madrinha embriagada".


"Tem que trazer para nós, para o Brasil, senão fica muito chato", afirma ele, que está em cartaz como ator até este domingo com "Alô, Dolly!", da Broadway, mas se diz cansado de musicais estrangeiros.

"A Madrinha Embriagada", assim, é apresentada como uma versão brasileira do espetáculo americano de 1928 feita por um fictício "João Canarinho" e que teria estreado também em 1928 no teatro São Pedro, na Barra Funda.

Nas mãos de Falabella, virou uma "revue modernista", revista musical com referências do movimento modernista, como a cena em uma mansão da avenida Paulista onde vive uma quatrocentona com seus quadros de jovens artistas paulistanos.

"Está na hora do musical nacional", diz o diretor, que já anuncia seu próximo trabalho: comprou os direitos de "Memórias de um Gigolô", de Marcos Rey, e vai adaptá-lo para musical, com composições de Josimar Carneiro.

Falabella fala seguidamente sobre o elenco que juntou. "É a nata do teatro musical brasileiro, vozes lindas, gente de Brasília, de Minas, do Rio de Janeiro", repete.

MILHÕES

O brasiliense Vasconcelos e a carioca Sasso, por exemplo, começaram a atuar juntos em "A Bela e a Fera", há dez anos. Desde então já dividiram o palco em "O Fantasma da Ópera", "A Noviça Rebelde" e "Mamma Mia!".

Sara Sarres, que faz Jane, atuou em "Fantasma", "Les Misérables" e "Cats", entre outros. É ela quem responde pelo quadro mais memorável de "The Drowsy Chaperone", com a canção "Show Off", em que anuncia que quer deixar o palco, quer deixar de "aparecer", sem maior convicção.

Stella Miranda, a "madrinha", é parceira de Falabella desde os anos 1980 e trabalhou com ele, no Rio, nos musicais "South American Way" e "Império". Adriana Caparelli, que faz Dora, vem dos musicais do Teatro Oficina.

Lenise Pinheiro/Folhapress
O diretor Miguel Falabella
O diretor Miguel Falabella

O elenco de 25 reúne atores e bailarinos que estiveram em boa parte dos musicais da última década, apresentados em teatros paulistanos que acabaram se especializando no gênero, como Bradesco, Alfa e Renault, ex-Abril.

O Teatro do Sesi, agora, não economiza para entrar no grupo. "A Madrinha...", que estreia no dia 14 de agosto, tem seu orçamento de R$ 12 milhões bancado integralmente pela instituição, sem apoio de leis de incentivo.

Os números da produção são grandiloquentes: dividindo o palco com o elenco de 25, uma orquestra com 15 músicos; temporada de 11 meses, totalizando 325 apresentações, oito por semana; público final de 148 mil pessoas.