Ator fala da irreverência da adaptação de espetáculo, com estreia marcada para o dia 17 de agosto no Teatro do Sesi-SP
Dulce Moraes e Talita Camargo, Agência Indusnet Fiesp
Dulce Moraes e Talita Camargo, Agência Indusnet Fiesp
Enfileirado entre aproximadamente 20 atores que integram o elenco de “A Madrinha Embriagada”, o ator Saulo Vasconcelos veste uma camiseta preta básica. O figurino é bem diferente das óperas que interpretou – “Madame Butterfly”, “Fígaro” e “O Barbeiro de Sevilha”, entre outras.
Apesar do jeito despojado, Vasconcelos mantém-se atento às instruções da coreógrafa. Um intervalo para respirar, uma rápida sessão de alongamento e o ator prossegue com os ensaios: cantar, interpretar, dançar. Sem perder o entusiasmo e a disciplina.
Bem humorado, o protagonista de “O Fantasma da Ópera” elogia o trabalho do diretor Miguel Falabella, autor da adaptação brasileira de “The Drowsy Chaperone” que estreia no dia 17 de agosto no Teatro do Sesi-SP – espetáculo que tem realização do próprio Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
“Ele fez um trabalho incrível de transformar aqueles personagens tipicamente americanos em tipicamente brasileiros”, afirma Vasconcelos em entrevista.
Na montagem, o ator interpreta o produtor de cinema Iglesias, contracenando com a atriz Kiara Sasso, que faz a corista Eva – em homenagem a Eva Todor.
Leia a seguir trechos da entrevista de Saulo Vasconcelos:
Diferencial
“O que diferencia essa de qualquer outra produção que já fiz é essa criatividade, esse estilo cooperativo e colaborativo que existe entre nós atores e o diretor.”
Sobre os personagens
“A adaptação é muito criativa e feita para nós, atores, para nossos portes físicos. Por exemplo, o meu personagem é completamente diferente do que era inicialmente. Nas produções americanas ele é era um cara já de idade de 50 a 60 anos e, aqui, cresceu muito. O Miguel [Falabella] teve a ideia de modificá-lo um pouco, assim como fez com os outros. O próprio texto que foi adaptado à nossa cultura e ao nosso entendimento.”
Sobre ‘abrasileirar’ o musical
“Eu não acho que é preciso ser nacionalista, de ter que ser ‘brasileiro’, apesar de ser muito importante a proposta do Sesi-SP. O importante é ter qualidade. E quando é de qualidade, isso independe. Um Picasso não deixa de ser bom porque é espanhol. A ópera italiana não deixa de ser boa porque é italiana – e ela é vista no mundo inteiro. A própria novela brasileira já é traduzida para vários países.”
A irreverência do diretor
“O Miguel [Falabella], que é o diretor e também o adaptador dessa peça, fez um trabalho incrível de transformar aqueles personagens tipicamente americanos em tipicamente brasileiros. Alguns gangsters viraram padeiros portugueses baianos. Dá muito certo e aproxima o público do espetáculo e dos personagens. Achei incrível esse trabalho de adaptação que aproximou o espetáculo para nossa realidade, para nossa cultura e para a nossa plateia.”
Rotina dos ensaios
“A rotina é praticamente a de todos os musicais. A gente passa pelos ensaios de música nas primeiras semanas, pelos ensaios de coreografias, e, depois de algumas cenas, vemos a parte de interpretação, bem como qual voz o personagem tem que ter e para onde se move. E a marcação, mesmo, para onde vai e onde vai ter luz, etc e tal.”
Trabalhar com elenco jovem
“Não tem jovem nada (risos), só tem ‘macaco velho’ aqui. Só tem ‘cobra velha’. Imagina! O mais novo aqui já fez três ou quatro musicais que é o Elton (Towersey), que inclusive fez o meu filho em ‘Noviça Rebelde’. Ele está agora com 18 anos, e, na época, tinha 15. O clima nos ensaios é sempre descontraído, é muito gostoso. Às vezes rola um estresse, pois é muita ‘macacada’ junta.”
Duração da temporada
“As temporadas que eu faço sempre duram no mínimo um ano. E acho que esse espetáculo do Sesi-SP tem condição de durar um ano ou mais até. Ingresso gratuito, o teatro é pequeno, um espetáculo delicioso, uma baita produção. Às vezes tudo é gratuito, mas a produção é modesta. Aí, as pessoas não se interessam muito. E tem um elenco e uma produção de primeiro mundo. Enfim, um ano eu acho até que vai ser pouco.”
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