segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O homem dos musicais


Desde que o mercado de teatro musical ganhou força e se consolidou no Brasil, um ator em particular é tido como referência. Saulo Vasconcelos já atuou em diversos espetáculos do gênero, inclusive fora do país, e está atualmente em cartaz com Cats, no Teatro Abril. E para quem admira o ator, boas notícias: Saulo já se prepara para integrar o elenco de Mamma Mia! Veja abaixo a entrevista com o ator:


Lérias & Lixos: Você é, atualmente, um ator referência em musicais. Como começou sua carreira na área?

Saulo Vasconcelos: Comecei oficialmente em 1992, quando entrei num coral. Gostei da experiência e fui me dedicar às aulas individuais de canto. Depois comecei com aulas de teatro também, porque na minha cabeça seria um cantor de Ópera e teria que ser bom ator pra isso. Em 1997 fiz minha estreia em Ópera, como Madame Butterfly, de Puccini. E também em 1997 estreei meu primeiro musical: Jesus Christ Superstar, no papel de Judas. Me apaixonei, decidi que queria aquilo para a minha vida e comecei a direcionar mais minhas aulas de canto pro teatro musical e intensificar meus cursos de interpretação cênica.


Lérias: Você já atuou em outros meios, como televisão e cinema, ou sempre se dedicou ao teatro?

Saulo: Em televisão. Fui ator convidado pra fazer um capítulo de uma série na Record, que se chamava a Lei e o Crime. O pessoal que quiser ver no youtube, está a disposição.

Lérias: Quais as maiores dificuldades em ser ator e cantor ao mesmo tempo?

Saulo: Conciliar a técnica do canto com a técnica do ator convencional. Tanto no teatro musical como no teatro convencional, o ator empresta seu corpo e sua voz pra uma personagem. Mas em teatro musical, dependendo do papel, se canta mais do que se fala. E é difícil ser verdadeiro cantando, porque às vezes você tem uma sequência vocalmente difícil. E outra, ninguém "fala" cantando. Daí a linguagem de teatro musical ser tão diferente. Mas o princípio é o mesmo. Ser verdadeiro enquanto ator e cumprir a partitura com estética musical enquanto cantor.

Lérias: Quantos musicais você já participou? Existe um que você considere mais marcante?

Saulo: Vamos lá. O Fantasma da Ópera (Brasil e México), Les Miserables (Brasil e México), A Bela e a Fera (SP 2002, 2009), A Noviça Rebelde, Aída, CATS, As Travessuras do Barbeiro, Trial by Jury (na verdade esse é mais uma opereta, nas minhas épocas de Brasília) e Jesus Christ Superstar. O Fantasma foi o que mais me projetou, em termos de marketing e nome. Mas acho que todos os meus trabalhos foram marcantes em suas épocas. Assim como marcaram, já fazem parte do meu passado e de lembranças que guardo com muito carinho.

Lérias: Atualmente você está em cartaz com Cats. Como tem sido participar do musical? Qual o maior desafio do seu personagem?

Saulo: Tem sido uma alegria e privilégio, porque o clima é muito bom. Nossos diretores, Paulo Nogueira e Floriano Nogueira (que não são irmãos, rs), são responsáveis por um clima ameno e que contribui pro elenco estar em alto astral. O maior desafio tem sido a motivação, porque se trata de um espetáculo mais de coreografias e música do que os musicais aos quais estamos acostumados, com uma estória mais clara. E por ser puxado e desgastante, numa sequência de seis apresentações por semana, provoca muitas lesões. E lesões às vezes podem mexer na motivação de um artista. Há de se ter qualidade artística e preparação física de atleta.

Lérias: Você já está envolvido em algum projeto após o término da temporada de Cats?

Saulo: Sim. Acessem www.saulovasconcelos.com para saber a novidade, rs.

Lérias: Em que musical você sonha atuar?

Saulo: Naquele que tenha uma estória rica e interessante, que tenha músicas lindas e um elenco sólido.

Lérias: O eixo Rio-SP domina as apresentações de teatro musical no Brasil. Na sua opinião, outras capitais, como Belo Horizonte e Porto Alegre, por exemplo, não comportariam espetáculos dessa natureza?

Saulo: Não sei responder, sinceramente. Tudo depende do mercado que essas capitais ofereçam, em termos de público interessado em pagar pra assistir uma peça de teatro musical. Sabemos que são espetáculos de valor alto, que exigem ingresso caro. E o ingresso caro, às vezes, afasta o público. As grandes capitais do país tem um público em potencial, mas é preciso também ter uma empresa que invista no projeto em termos locais. Aqui temos a t4f, Takla Produções, etc. No Rio, a Aventura. Falta nas outras capitais, acredito, a existência de empresas que falem a linguagem dos musicais.


Lérias: Você acha que seria produtivo viabilizar uma Rua em São Paulo que concentrasse teatros para musicais já que algumas peças são prejudicadas pelo trânsito caótico da cidade?

Saulo: O trânsito caótico atrapalha, claro. Mas acho que o amor que as pessoas têm por musicais ou a sensação de êxtase que alguém tem, quando vê um pela primeira vez, vai sempre superar qualquer adversidade. Afinal, o que são alguns minutos de trânsito para ver um grande espetáculo em cartaz? Melhor do que horas de avião, que aliás é muito mais caro, pra viajar até Nova Iorque e assistir um desses por lá, rs.

Lérias: O Saulo Vasconcelos, além do ator, gosta de fazer quais atividades em seu tempo livre?

Saulo: Descansar bem, ler, ir ao cinema, dar aulas de canto, jantar com amigos, viajar, correr, exercitar o corpo, jogar videogame, fazer um shiatsu. Quanta coisa boa pra fazer, não? rs.

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