domingo, 18 de janeiro de 2009

É muito difícil viver de teatro o ano inteiro

Aos 35 anos, o ator Saulo Vasconcelos tem uma carreira invejável. Natural de Brasília (DF), Saulo mora em São Paulo, atualmente. Mas foi na capital do País que o baritenor (timbre de voz que alcança notas agudas e graves) montou seu primeiro musical, ainda na época da escola, no segundo grau. Na universidade, fez química, engenharia civil e economia, cursos que abandonou para ganhar o papel principal do espetáculo O Fantasma da Ópera, em cartaz no México.



Confira entrevista concedida a Yolanda Simões Atherino.






A TARDE- Qual é a sua formação?

Saulo Vasconcelos - Não cheguei a me formar. Estava no último semestre de economia quando tive a oportunidade de fazer O Fantasma da Ópera na Cidade do México. Aí desisti de tudo e, como era uma oportunidade irrecusável, desde então tenho estudado com professores escolhidos, que falam numa linguagem que possa me ajudar no meu trabalho diário, tanto no teatro como no canto. No ano passado, tive que voltar a fazer aulas de canto para cantar ópera. Antes de vir fazer o Capitão von Trapp aqui na Noviça Rebelde, eu fiz umas aulas de interpretação voltadas especificamente para o personagem, para descobrir coisas. Por exemplo, como não sou pai, queria colocar a minha paternidade à tona através de exercícios muitos sérios. São coisas que você tem que passar, uma verdade no palco. E sem ter experiência é complicado.

AT - Como descobriu esse seu potencial de voz? É dos poucos cantores atores do Brasil.

SV - Hoje, isso não é mais novidade, porque temos muito mais gente. Você vê pelo elenco de A Noviça Rebelde: tem muita gente jovem e crianças.

AT - Mas na sua faixa de idade não há muitos.

SV - Não tem, realmente, muitos. Eu sou de uma geração que não tinha naquela época. Nos anos 80, havia Capital Inicial e Paralamas do Sucesso. Eu descobri [esse dom] quanto tinha uns 13 anos mais ou menos.

AT - Quem descobriu esse seu potencial de ator-cantor?

SV- Eu estava fazendo teste para outro musical em São Paulo. Aí, coincidentemente, uma pessoa, que estava envolvida com a produção de O Fantasma da Ópera no México, estava lá. A pessoa teve a brilhante ideia de me ver como o Fantasma da Ópera e pediu para eu cantar. Eu cantei. Os caras gravaram e mandaram para os Estados Unidos, eu fui pré-aprovado, fui para a Europa fazer os testes e passei.

AT - Quanto tempo você demorava para se transformar?

SV - Em A Bela e a Fera, demorava mais, era 1h30 no início, além de uma maquiagem de 45 minutos e outro tanto para as roupas e as perucas.

AT - E na transformação para príncipe?

SV - Ali era mais fácil. A gente ia descolando a maquiagem, tinha toda uma técnica para desfazer.

AT - Quando se mudou para São Paulo?

SV - Depois de O Fantasma da Ópera no México, fui para São Paulo. Fiz outros musicais como Os Miseráveis, A Bela e a Fera eOs Miseráveis no México. Depois, fiz O Fantasma da Ópera. No Brasil, depois, fiz Aída [ópera]. Aí, fiz nove produções em 12 anos de carreira. Dá uma média de um espetáculo por ano. E é muito difícil você viver de teatro o ano inteiro. Às vezes, uma peça de teatro não consegue ficar dois meses em cartaz.

AT -Você vive do teatro?

SV - Vivo bem.
Jornal A Tarde Online 18.01.2009

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