quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A nata dos musicais

Quando assistiu, há alguns anos, à montagem americana do musical The Drowsy Chaperone, na Broadway, Miguel Falabella gostou muito, mas não ficou animado a participar de uma versão nacional. Até foi sondado por um produtor, porém, recusou. A situação mudou no momento em que ele foi novamente convidado, agora para participar de um projeto educacional do Sesi de São Paulo que incluiria a encenação daquele musical.

Cena do musical 'A Madrinha Embriagada' - Tiago Queiroz/Estadão
Tiago Queiroz/Estadão
Cena do musical 'A Madrinha Embriagada'
“Fiquei animado, especialmente depois que eles aceitaram minha sugestão de ambientarThe Drowsy Chaperone na São Paulo do início do século passado”, disse ele, que assina a tradução e a direção de A Madrinha Embriagada, que estreia hoje para convidados e sábado para o público. Orçada em R$ 12 milhões (sem uso de leis de incentivo), a montagem traz a nata do musical no Brasil, como os atores Stella Miranda, Saulo Vasconcelos, Sara Sarres e Kiara Sasso. E, para completar, a temporada, prevista para 11 meses, oferece ingressos gratuitos.
“A intenção é justamente formar plateia para o gênero musical que, apesar de já contar com bom público, tem potencial para crescer ainda mais”, conta Cleto Baccic, ator e produtor, com participação nas montagens de Cats eMamma Mia!, e agora um dos principais condutores do projeto. De fato, A Madrinha Embriagada cai como uma luva nesse plano por seu aspecto didático e, ao mesmo tempo, de entretenimento.
Na versão de Falabella, a trama começa quando um fã de musical, apenas denominado como o Homem da Poltrona (Ivan Parente), resolve ouvir um long play com a trilha de um de seus espetáculos preferidos, A Madrinha Embriagada, montado em São Paulo em 1928. “A escolha não foi à toa, pois Miguel quis fazer uma apologia à Semana de Arte Moderna que aconteceu seis anos antes”, comenta Parente, cujo personagem, com humor e fina ironia, questiona os musicais atuais.
E, ao botar o disco na vitrola, a montagem se materializa no palco como uma mágica: trata-se da história de uma musa do teatro, Jane Valadão (Sara), que vai deixar os palcos para se casar com o empresário Roberto Marcos (Frederico Reuter). Como costume da época, uma madrinha é contratada para cuidar da noiva antes do casamento – no caso, por sua madrinha embriagada (Stella). O dono do teatro, Iglesias (Saulo), tem motivos de sobra para que esse casamento não aconteça. Com a ajuda da corista sem talento, Eva (Kiara), Iglesias contrata um amante argentino, Aldolpho (papel de Baccic, momentaneamente interpretado por Floriano Nogueira), para atrapalhar essa união.
A confusão é aumentada com a presença de Jorge (Fernando Rocha), o amigo do noivo, além de espiões disfarçados de padeiros portugueses (Rafael Machado e Daniel Monteiro) e uma aviadora (Adriana Caparelli), todos reunidos na mansão de Dona Francisca Jaffet (Ivanna Domenyco) e seu mordomo, Agildo (Edgar Bustamante), na Avenida Paulista.
“Trata-se de um musical dentro de uma comédia”, atesta o veterano Saulo Vasconcelos, que, pela primeira vez, envereda pelo humor rasgado. E, pela quinta vez, divide o palco com Kiara Sasso. “Já criamos um entrosamento próprio”, comenta ela, também impagável em papel cômico. Área, aliás, que é especialidade de Stella Miranda. “Fujo da caricatura: minha madrinha está sempre a um uísque da bebedeira”, brinca.

PRESTE ATENÇÃO:
1.Nos figurinos criados por Fause Haten, já especialista no gênero musical: além da função cênica, todos são deslumbrantes.
2.Na atuação do elenco, em especial em Sara Sarres: inspirada em Betty Boop e Cyd Charisse, ela faz caras e bocas típicas das grandes estrelas do cinema da época.

SERVIÇO:

A MADRINHA EMBRIAGADATeatro do Sesi. Avenida
Paulista, 1.313. 3146-7405. 4ª a 6ª, 21h; sáb., 16h e 21h; dom., 19h. 
Grátis – reserva antecipada de ingressos em www.
sesisp.org.br/ingressomadrinha. Até 29/6/14.

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