segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cats



Peça musical Cats
Brasil/2010
Com Saulo Vasconcelos, Paula Lima, Sara Sarres


As silhuetas de gatos iluminadas pelo luar, olhos felinos reluzentes no escuro. Assim que os gatos aparecem entre a plateia, a peça Cats, musical oriundo da Broadway em cartaz no Teatro Abril, cativa com músicas belíssimas e uma excelente construção metafórica de cada gato-personagem.

Os gatos do enredo são da tribo Jellicle que esperam ter uma chance de renascer, uma oportunidade que, a cada ano, o líder Old Deutoronomy dá àquele que a merece. Já que todos os gatos têm sete vidas, o líder escolhe um que poderá renascer.
A protagonista é a gata Grizabella, um tanto velha e maltrapilha que retorna à tribo depois de ter saído explorando o mundo. A personagem pode ser comparada ao indivíduo que sai da caverna, encontra o conhecimento e retorna a sua origem a fim de falar aos demais o quanto é vasto o mundo fora da caverna, narrado na Alegoria da Caverna, de Platão. Mas quando Grizabella retorna, tal qual o indivíduo na Alegoria, é incompreendida por aqueles que optaram em viver eternamente junto à tribo. Para os gatos Jellicle, a vida baseia-se em andar entre os becos à espera da decisão do líder de enviá-los a outro destino. Já a gata foi mais ousada e sonhou pela sua emancipação, em conhecer o mundo “pós-beco”.
A história não se concentra apenas em Grizabella. As músicas apresentam cada tipo felino Jellicle que não foge nada dos estereótipos humanos. Há o gato malandro, a dupla que vive de roubos, o ator que vive das recordações de sua era de ouro. São tipos com características humanas, personificam a malandragem, o mistério e a tristeza em recordar do passado que podem muito bem ser encontradas no ser humano.

A condição enfrentada por Grizabella e pelos demais gatos encena a marginalização humana. Ao ficarem à margem da sociedade, os gatos tentam viver da melhor maneira possível, sonhando com o dia em que poderão viver uma vida diferente da atual. É a ideologia humana por um lugar mais justo, igualitário.

A peça é bem amarrada e com cenas surpreendentes. As músicas traduzidas por Toquinho ficaram devidamente abrasileiradas e emocionantes. A cena em que Paula Lima, como Grizabella, canta a versão de “Memory” é de levar o espectador às lágrimas. Mais uma vez o ator Saulo Vasconcelos traz um personagem encantador ao palco, atuando como o líder sábio e cativante Old Deutoronomy. Os atores que assumem os demais gatos conseguem representar muito bem os trejeitos felinos, como a agilidade e o andar sinuoso. É uma verdadeira obra-prima, grandiosa e inesquecível.

Um comentário:

  1. Saulo, fiquei emocionada demais por ver a minha resenha aqui!!
    Eu só tenho dezessete anos e ter a minha resenha aqui é mais um incentivo, já que pretendo prestar Jornalismo.
    Não esperava por isso, muito obrigada!

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