domingo, 22 de março de 2009

A Noviça Rebelde une conto de fadas com jogo político

Conhecido pela marcante atuação em musicais clássicos como O Fantasma da Ópera e A Bela e a Fera, o ator e intérprete Saulo Vasconcelos surpreende em sua participação em A Noviça Rebelde, em cartaz no Teatro Alfa - se naqueles o timbre vigoroso de sua voz era ouvido logo nos primeiros minutos, agora, no papel do Capitão Georg von Trapp, ele demora até emitir a primeira nota musical. "Confesso que fico ansioso, mas, quando chega o momento da canção, a emoção é tão forte que influencia a interpretação."


A Noviça Rebelde é um dos espetáculos mais populares de todos os tempos. Imortalizada pelo filme estrelado por Julie Andrews, a história real da noviça que cuida dos sete filhos de um barão, na Áustria, e é obrigada a fugir com eles dos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, é contada agora pelos diretores Claudio Botelho e Charles Möeller.



"O espetáculo traz algumas das canções mais encantadoras e populares já compostas para um musical, além de ressaltar valores como superação, idealismo e solidariedade", comenta Möeller. "Embora a história tenha um tom de fábula, fala também de política, guerra, religião e aristocracia", completa Botelho.Inspirada em um fato real, a saga dos Von Trapp começou na Áustria, em 1920, quando a noviça Maria (Kiara Sasso) foi trabalhar como governanta de sete crianças na casa do viúvo barão George. Ambos se apaixonaram, casaram-se e tiveram mais três filhos.

Em 1938, quando Hitler anexou a Áustria, a família resolveu fugir para a América e viver da música. No papel do barão, Saulo Vasconcelos precisou cuidar mais da interpretação. "Trata-se de um personagem fascinante, que modifica a personalidade ao longo da trama." De fato, inicialmente sisudo e tratando os filhos como se fossem um pelotão do exército, o barão logo revela sua candura quando também se sente evolvido pela noviça Maria. "Ele começa ríspido mas termina mais humano."Para tornar mais realista a dificuldade de relacionamento do barão com seus sete filhos, Vasconcelos pensou em não conviver com as 20 crianças selecionadas entre mais de 3 mil, que formam os três elencos que se revezam nos papéis. "Tentei imitar Meryl Streep que, na filmagem de O Diabo Veste Prada, não se misturava com os colegas para reforçar o autoritarismo de seu personagem, mas não deu certo - no segundo dia, as crianças já estavam pulando em cima de mim."

Vasconcelos substitui Herson Capri, que representou o papel no Rio. Outra mudança foi a saída de Fernando Eiras para a entrada de Francarlos Reis como Max Detweiler, o ?bon vivant? que ajuda a família a fugir dos nazistas. "Não canto profissionalmente, mas vivo intensamente o papel", conta Reis que, como de hábito, rouba a cena.

Intérprete de clássicos como Dó-Ré-Mi e The Sound of Music, Kiara Sasso comprova sua condição de uma das estrelas do musical nacional (é o 15º de sua carreira) ao exibir uma potência vocal límpida e potente.

Fonte: Estadão-Caderno 2

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