quinta-feira, 19 de março de 2009

Tradução é ponto alto do musical "A Noviça Rebelde", que inicia temporada em São Paulo


SÃO PAULO – A tradução literal de “Do Re Mi” acabaria com a graça da música mais famosa de “A Noviça Rebelde”. Na versão original, em inglês, a letra traz xícaras de chá com pão e geleia, costurar com agulhas e o feminino de veado. Na montagem que estreia nesta sexta-feira, 20 de março, em São Paulo, o clássico troca as palavras por sol, que brilha no verão, e lá, lá no cafundó.
A versão brasileira das músicas e dos diálogos, de Claudio Botelho, faz com que a história da família Von Trapp, que se passa na distante Áustria do final da década de 30, fique mais próxima do público infantil e adulto. A montagem é baseada no texto e músicas escritos para o palco, e não no filme estrelado por Julie Andrews. No entanto, quase todas as canções são as mesmas nas duas versões.

Uma exceção é a música “O que é que a gente faz?” (“How Can Love Survive”), que não está presente no filme, apenas no musical. O dueto entre as personagens Max e Elsa, caricaturas da elite austríaca alienada à iminente invasão alemã, faz a plateia gargalhar. A dupla zomba dos pobres questionando “o que a gente faz se a nossa fonte jamais secou, se a água quente não congelou, se o cobertor nunca encurtou?” E diz que é mais fácil amar quando não se tem dinheiro. “Ricos demais, com negócios demais, não dá tempo pra dar carinho. Pobre é que é bom, pois não tem edredon e só se esquenta se tá juntinho”.
Outra canção bem popular do longa é “So Long, Farewell”, cujo título foi mantido no original, em inglês, assim como a saudação “auf wiedersehen”, em alemão. As palavras estrangeiras contrastam com “jururu”, cantado pelas crianças em dois momentos diferentes da peça, no baile na casa da família e no festival de música.

O público que só viu “A Noviça” na televisão também pode estranhar algumas mudanças na ordem das canções. “Coisas que eu amo” aparece logo no início da montagem e é interpretada por Maria (Kiara Sasso) e pela Madre Superiora (Mirna Rubim e Vera do Canto e Mello), e não no momento em que as crianças correm para o quarto de Maria, com medo dos trovões, como no filme.

Saulo Vasconcelos, que já protagonizou “A Bela e A Fera”, “O Fantasma da Ópera” e “Os Miseráveis”, vive o capitão Georg Von Trapp nos palcos. A estrela dos musicais brasileiros tem apenas um solo, longamente ovacionado, em “Edelweiss”. A música que homenageia a flor-símbolo da Áustria é apresentada apenas na cena do festival, e não se repete no casarão da família, quando as crianças se reúnem para cantar.

No CD da versão brasileira, quem interpreta o capitão é o ator Herson Capri. Seria injusto comparar as duas performances, mas Capri não faz feio no CD.

Fonte: Ig Ultimo Segundo

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