terça-feira, 2 de março de 2010

Veterano dos musicais, Saulo Vasconcelos aprova Paula Lima em 'Cats'

Saulo Vasconcelos é o gato Old Deuteronomy no musical 'Cats'Foto: Divulgação


Ana Carolina Moura



Depois de viver uma fera e um mascarado no Teatro Abril (SP), Saulo Vasconcelos volta à sua segunda casa no papel de um gato idoso. Na versão brasileira de Cats, que estreia nesta quinta-feira (4), o brasiliense de 36 anos divide o palco com sua amiga de longa data, Sara Sarres, e com a estreante em musicais, a cantora Paula Lima. Conhecida também como jurada do reality show Ídolos, da Record, Paula já ganhou o aval do veterano. "Ela está super aprovada, tem presença como atriz e uma voz que combina com a personagem", disse ele, em entrevista exclusiva ao Terra.


Com Cats, Vasconcelos e Sara encerram uma trilogia. Eles são os únicos brasileiros que estrelaram as três maiores produções musicais de todos os tempos, que começou com Les Miserábles, de 2001, e seguiu com O Fantasma da Ópera, de 2005. Dez anos depois de ter começado a construir seu nome como um ator de teatro musical, Vasconcelos fez um balanço sobre sua carreira. "Hoje me sinto mais jovem, com mais pique, sei respeitar meu limite", afirmou.


Confira a entrevista com o ator, que falou sobre seu papel em Cats, carreira e reconhecimento do público:


Como você define seu personagem em Cats?

Eu interpreto o gato Old Deuteronomy, o líder da tribo de gatos chamada Jellicle. É como se ele fosse o patriarca da família. No final da história, ele escolhe um dos gatos para reencarnar e ir para o paraíso dos gatos.

Você observou gatos para incorporar o papel?

Eu observei como são os gatos velhos. O gato jovem é muito ativo e o velho é tranquilo, mais quietão. Espero que meu público tenha assistido ao filme Marley & Eu (2008) porque há semelhanças. Como todo animal de quatro patas, tanto o Old Deuteronomy quanto o Marley andam cabisbaixos no final da vida.

Como foi a sua preparação física para esse papel, já que requer muito do corpo, além da voz?

Eu faço um trabalho com o Nuno Cobra, que foi preparador físico do Ayrton Senna. Está sendo maravilhoso. Na academia, você tem que suar, cansar até sentir dores, mas o Nuno preza pela saúde. Faço um trabalho aeróbico, com frequência cardíaca baixa, para ter mais condicionamento físico.


Você tem algum ritual antes de subir ao palco?

Eu faço meia hora de alongamento e aquecimento, principalmente de coluna, porque na peça nós ficamos muito na posição de quatro. Além disso, faço cinco minutos de exercícios como gato. O diretor pede para fazermos a transição de duas para quadro patas, sentir cheiros e observar pontos diferentes do espaço. Assim, entro no personagem.


Como é dividir o palco com a estreante Paula Lima e com sua amiga de longa data Sara Sarres?

Eu e a Paula brincamos o tempo todo. Eu digo que ela é a gata feia, decadente e drogada. A gente acabou se dando bem por causa desse bom humor. No começo, ela estava muito assustada porque não é a praia dela. Mas agora posso dizer que ela já é uma profissional de teatro musical. Está super aprovada, tem presença como atriz e uma voz que combina com a personagem. Já a Sara é minha irmã. Me dá toda a tranquilidade do mundo ter uma pessoa como ela ali. Como o teatro é a nossa segunda casa e o elenco é a nossa segunda família, é bom ter sua melhor amiga ali, nunca se sabe quando você vai precisar.

Você fez parte das duas maiores produções de musicais no mundo, Les Misérables e O Fantasma da Ópera. O que Cats significa para a sua carreira?

Significa uma coisa única para um ator de teatro musical. É muito difícil conhecer alguém que tenha feito os três musicais, ainda mais no Brasil, onde esse meio é mais limitado. Além disso, estar de volta ao Teatro Abril é maravilhoso. Foi minha casa por muitos anos, quando estrelei A Bela e a Fera e o O Fantasma da Ópera.

Você mais uma vez vai embarcar num grande papel com fantasia e maquiagem, como aconteceu com a fera e o fantasma da ópera. Com isso, você é pouco reconhecido nas ruas. Como é ser anônimo, mas reconhecido pela crítica e público?

É diferente trabalhar em teatro e trabalhar na TV, onde as pessoas te veem todos os dias. O público do teatro também é diferente, eles sabem que com maquiagem ou sem maquiagem, não faz diferença. Muita gente pergunta de mim na bilheteria do teatro e eu nem sei da onde vem esse interesse, mas ele existe. A exposição hoje é bem maior do que eu imaginava quando comecei, há 10 anos.

Você já fez apresentações fechadas de Cats, o que ouviu de quem já assistiu à peça?

Cats é da década de 80 e as pessoas tendem a dizer que é um espetáculo batido. Nós fizemos uma nova releitura, com um elenco muito bom e agora o que eu mais ouço das pessoas é que o conceito delas mudou. Quem estiver lendo essa reportagem, pense nisso. Cats está com uma nova leitura e com uma energia muito boa. Depois de 30 anos, a gente tem mais é que modernizar.

Como é o Saulo Vasconcelos depois de 10 anos de Les Misérables?

Estou mais velho, mas eu me sinto mais jovem. Há 10 anos, eu não sabia medir a energia. Eu queria dar o meu máximo sempre. Eu ainda continuo assim, mas hoje respeito o meu um limite. Domingo, após a peça, eu ainda estava todo empolgado, fui jantar, tomar um vinho, ainda estava com pique. Há 10 anos, eu estaria morto, não queria ver ninguém. Hoje eu me sinto diferente, melhor que 10 anos atrás. Eu me divirto mais no palco, até porque hoje eu tenho noção que faço parte de uma minoria privilegiada que conseguiu estabelecer um nome no teatro musical. Isso se reflete no palco. A arte imita a vida.


Saiba mais sobre Saulo Vasconcelos no site: http://www.saulovasconcelos.com/

Serviço Cats

Data: de 4 de março a 30 de maio


Horário: quintas e sextas às 21h; sábados às 17h e 21h; e domingos às 16h e 20h


Local: Teatro Abril - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 - Bela Vista


Preço: de R$ 50 a R$ 240,00


Mais informações: (11) 4003-5588

Fonte: Terra

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