sexta-feira, 16 de março de 2012

Priscilla

15/03/2012
 
Estreia em São Paulo a versão brasileira do musical
Um dos espetáculos mais esperados do ano, o musical “Priscilla, Rainha do Deserto” estreia neste sábado, no Teatro Bradesco, em São Paulo. Elenco, produção, direção artística e equipe criativa se reuniram, na última quarta-feira  para mostrar os bastidores e revelar detalhes da ambiciosa montagem à imprensa. Na ocasião, também foram apresentadas três passagens de cena, que puderam antecipar a qualidade do espetáculo reservado aos paulistanos.                
Autor do livro que deu origem ao filme e, posteriormente, ao musical, Stephan Elliot revelou que a inspiração para escrever a história nasceu no Brasil, durante o carnaval de 1989.“Estava assistindo ao desfile de carnaval, no Rio de Janeiro, quando vi algumas drags no meio da multidão com plumas saindo dos figurinos. Na hora, eu pensei que teria que levar uma para o deserto da Austrália”, disse o autor, cujo texto foi adaptado por Flávio Marinho. Apesar de colorida e com uma trilha sonora memorável, o autor faz questão de destacar que a história das drag queens Mitzi, Felicia e Bernadette, que decidem atravessar o deserto australiano dentro de um ônibus de excursão pintado de rosa, tem como objetivo passar uma mensagem afetuosa ao grande público. “É uma história de amor. Fala sobre tolerância, transformação, superação e oportunidade de corrigir erros”, define Elliot.
 Ao som de “Go West”, a primeira cena da milionária produção – com investimento de quase R$ 7 milhões – destaca a grandiosidade de seu personagem principal: o ônibus, carinhosamente chamado pelo nome de Priscilla. Importado de Londres, como a maioria da produção do espetáculo, o veículo nunca sai de cena porque pesa oito toneladas. Ele também conta com 30 mil pontos de LED e chegou ao país por meio de um navio.
O segundo número, “I Say a Little Prayer” traz dois destaques do musical. No primeiro momento, quando Mitzi (interpretada por Luciano Andrey), encontra seu filho (interpretado pelo ator mirim Pedro Henrique). No seguinte, enfatiza a existência das divas: três atrizes que cantam, ao vivo e em cima do ônibus, enquanto as drags fazem as dublagens das canções. “As divas chegaram para fazer os vocais ao vivo, para que o público não tivesse que ouvir as músicas gravadas”, justifica o diretor associado, Dean Bryant. Na montagem brasileira, André Torquato dá vida a Felicia e Rubens Gabira interpreta Bernadette.
Todas as músicas do espetáculo foram hits, mas nenhuma é tão emblemática como “I Will Survive”, executada ao final do primeiro ato. “Os figurinos dos gambis, que são aqueles sapatos e cabeças enormes, fizeram com que a música se transformasse na cara do espetáculo”, ressalta Bryant. Durante a cena, o ônibus quebra no meio do deserto, mas em vez de entrar em pânico, as amigas resolvem ensaiar um pouco. Entra em cena Bob (Saulo Vasconcelos) e nasce uma história de amor, entre uma transexual mais velha e um homem heterossexual.
A diretora residente Tania Nardini explica os motivos pelos quais a montagem manteve o idioma original em inglês em todas as canções, ao contrário da tendência atual das montagens musicais de traduzir os temas. “São músicas muito conhecidas e até mesmo quem não fala inglês entende o que a música está dizendo”, explica Tania, que também alerta para o fato de não haver nenhuma adaptação em relação à história original.
Considerado um dos melhores atores jovens do país, o ator André Torquato, 18 anos, fala sobre a sensação de protagonizar o musical, na pele de Felicia. “Estou nervoso demais porque é meu primeiro protagonista, mas está sendo uma experiência incrível fazer o humor ácido da Felicia. Sem contar que usar salto é difícil; aliás, ser mulher não é fácil, mas estou me divertindo muito”, brinca.
Com formação em teatro e em seu quarto musical, Luciano Andrey ressalta que o grande desafio reside em descobrir a humanização dos personagens para que o público os veja como seres humanos, além das diferenças entre teatro e teatro musical. “A maior dificuldade talvez seja a linguagem do teatro musical; cantar, dançar e atuar não é fácil, só quem faz sabe”.
E, para completar o trio, o ator Ruben Gabira avisa que está muito feliz por fazer parte do projeto e que interpretar a transexual Bernadette é a realização de um sonho antigo. “Eu vi o filme em 1994 e fiquei extasiado com a história, com o desenrolar e com a fotografia. Saí do cinema arrebatado por ela e comentei com os amigos que ainda faria esse personagem, não sabia onde e nem quando, e agora aconteceu”, conta.
De acordo com o ator Saulo Vasconcelos, que interpreta o personagem Bob, tanto quem vivenciou as canções quanto as pessoas mais novas vão se identificar com a montagem. “São músicas que nos fazem sentir saudades daqueles bons tempos e que também se comunicam bem com o público jovem para mandar uma mensagem bonita de aceitação e de que não podemos julgar as pessoas porque elas estão maquiadas ou são gays”, finaliza.
Além do ônibus “Priscilla”, o espetáculo conta ainda com 27 integrantes no palco, 200 perucas e 500 figurinos, assinados pelo premiado Tim Chappel. “Priscilla, Rainha do Deserto” chega a São Paulo apenas um ano após estrear na Broadway – fato inédito no cenário de musicais no país – e fica em cartaz durante o ano todo, com possibilidade de seguir também para o Rio de Janeiro. Caso isso aconteça, os cariocas poderão ver um detalhe produzido especialmente para a montagem brasileira: um Cristo Redentor de purpurina.
Globo Teatro
 

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